Cântaros de Sal
Poesia e prosa. Fabulações. Notícias da minha cabeça. (Itamar BC)
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O sagui e o perigo invisível
 
Um dia qualquer, poucas nuvens, um pouco de calor, televisão desligada, música no rádio, um livro na mesa. De repente um estouro ao longe, como se fosse o de uma bomba junina. Mas não é mês de junho. O rádio silencia e eu me pergunto, será que aconteceu o que estou pensando? Infelizmente, em casos como esse, tenho acertado.

O fato se repete com alguma frequência no bairro onde moro, e a vítima é o sagui, pequeno animal silvestre, comum nos arredores de Brasília (sagüi/sagui... saudades do trema, banido pela reforma ortográfica).

Os saguis são extremamente ágeis no salto de galho em galho, e especialmente hábeis em caminhar na fiação da rede elétrica. Eles não se dependuram nos fios, mas caminham se equilibrando sobre os fios. O perigo mora nos postes que têm transformador. O sagui, apesar de pequeno, provoca a tragédia quando seu corpo une dois pontos proibidos. Que me perdoem, nada entendo de eletricidade e de postes, mas é isso que me parece. Só sei do resultado, não do processo. A explosão causada pelo “curto circuito” faz desligar a chave do poste que tem transformador. A “chave cai” como se diz, cai literalmente, deixando uma porção de casas sem energia elétrica, até que a companhia prestadora dos serviços de manutenção seja acionada.

O macaquinho, senhor absoluto das árvores, não conhece o perigo invisível dos postes. Os outros saguis do pequeno bando ainda ficam um bom tempo por perto, emitindo um som que parece assovio agudo, aguardando inutilmente o companheiro caído.


 
Itamar BC
Enviado por Itamar BC em 19/02/2021
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