É tão pouco “tampouco” nos jornais que é preciso fazer uma campanha para a utilização dessa palavra quase esquecida. Resolvi prestigiá-la, embora tendo tão poucos conhecimentos de nosso idioma e tão pouca memória para decorar as normas da boa utilização dos advérbios (o que tenho de memória é pouco, tão pouco, mas tão pouco que já leio mais dicionários que romance). Mesmo assim, quero homenagear o advérbio “tampouco”, mesmo que seja assim, com tão pouca competência.
Escrevi muito, a homenagem não veio e tampouco vieram os muitos exemplos que imaginei escrever... para "tampouco"!
...
_ Só sol, quase só,
_ O meu rio quase mar,
_ Só sal, quase pó.
...
Há uma verdade que tenho para dizer,
assim como o resumo de uma guerra,
a ideia de paz,
e a notícia da fome
dos subalimentados do mundo inteiro.
Humildemente peço perdão,
nada disso direi.
No silêncio do meu relógio
tenho uma noite longa e fria.
E depois tenho de andar muito.
Algum sonho aquecerá minha fronte.
Após o “bip” deixe seu recado na caixa postal.
Talvez lhe mande, pela internet,
um poema de amor,
que copiarei de um grande poeta.
Trancado em casa, tenho a sensação de que o mundo está sob controle de uma ciência nova, criada nos bastidores dos governos mundiais. Instintivamente deduzo que isso é apenas o começo, o pior está por vir. Penso que o clima de medo estava com hora marcada para começar, só faltava um motivo e ele apareceu (terrível, invisível).
De agora em diante, o destino da humanidade está nas mãos de uma tal « Ciência » criada pelos esquerdopatas (sim, aquela velha Ciência que acalentava esperanças, morreu). A nova ciência tem partido (esquerda) e bandeira (vermelha).
A ordem agora é: se você não for de esquerda... só pode ser negacionista, nazista, genocida... Santa ciência antiga. Maldita ciência nova.
Ah, e se você pensar essas coisas em voz alta, pode ser preso sob a acusação de estar espalhando notícias falsas (isso não está previsto na legislação brasileira, mas no supremo Inquérito do fim do Mundo, lá no céu, acima de Deus...
Acabei de ler “A arte de escrever ensinada em 20 lições”, de Antoine Albalat. Tradução de Cândido de Figueiredo. Boa leitura. Fico feliz quando, ao fim da leitura de um livro, noto que algo de bom foi acrescentado à minha vida.
O mais fantástico desse manual é a data da sua publicação original, 1899 (França). Há mais de um século. E parece ter sido escrito hoje.
Já li muitas “dicas” de como escrever bem, em diversas obras, diversos autores, mas nunca tinha visto tais orientações em um único volume, de forma tão completa, de forma clara, com muitos exemplos.
Impossível apontar o que é mais interessante no livro, pois todas as lições são essenciais. O autor faz a decomposição dos processos de estilo, como ele próprio diz.
Imagens: definição, criação, imagens fortes, imagens fracas.
Processo das refundições: como escrever o texto de um só jato e depois reescrever, fazer as correções (ele chama isso de “refundições”).
O estilo: “O estilo é a arte de aprender o valor das palavras e as relações das palavras entre si”, diz ele.
A escolha de leituras: explica como tirar proveito da leitura de bons autores, para aprimorar o estilo.
O livro se destina ao escritor, mas é também de grande valia para o leitor. Depois de ler Albalat não lerei mais nenhum autor da mesma maneira (não para criticar, mas para aprender).